VIRTUDE
Uma Palavra de sete letras: VIRTUDE
O maçom é, por excelência, um "homem virtuoso".
Trabalhamos desde o início de nosso caminho maçônico para atingir a virtude. Entendemos por virtude aquilo que faz a qualidade moral de um homem, aquilo que é a pedra angular do nosso templo interior. Então em que consiste essa importantíssima palavra de sete letras? Qual é a virtude essencial?
Analisaremos a noção de virtude e tentaremos definir a virtude essencial.
A palavra "Virtude" tem diferentes sentidos. No sentido geral, ela significa potência, poder (físico-moral); propriedade de alguma coisa considerada como sendo a razão dos efeitos que essa coisa produz.
No sentido moral, é possível entender que seja: disposição permanente para querer realizar um tipo determinado de atos morais; então se falará de virtude e se dirá, por exemplo, que a temperança é uma virtude; seja: disposição permanente de querer o bem; hábito de fazê-lo; então se falará da Virtude e se dirá de um homem que ele é virtuoso.
Enfim, às vezes, a palavra virtude designa o conjunto de normas de conduta que se reconhece como válidas sendo vista como sinônimos de moral, de ética (por exemplo, em Kant "Doutrina da Virtude").
Mas vamos ater-nos ao sentido fundamental. É na passagem do sentido moral que se encontra o essencial da noção.
O homem, de fato, se define por um conjunto de virtualidades ou tendências. A virtude moral é que permite ao homem realizar essas virtualidades, ou seja, tender à perfeição.
Na palavra latina "virtus" encontra-se, que significa homem. E o contrário de virtude é vício, isto é, o que desvia o homem de si mesmo. E que no sentido original, segundo a definição de Dermesteter, lingüista francês, seria "um elemento mau que alterna em sua essência".
O vício é a falta de Humanidade; a virtude é o que faz o homem, é o que faz o Maçom.
Mas aqui há um problema, pois procurar qual é a virtude essencial do homem nos obriga a procurar saber em que consiste a perfeição do homem.
No homem há uma pluralidade de tendências que não o conduzem todas no mesmo sentido. Há, por exemplo, as tendências corporais (o homem tem necessidades vitais a satisfazer), que, às vezes, entram em conflito com as tendências espirituais. Mas, é claro que as tendências corporais são propriamente animais e que não é desse lado que devemos buscar a perfeição do homem. Restam, então, as tendências espirituais, que o levam a procurar a Verdade, o Bem, a Beleza, e o que se pode ligar ao sentimento, à inteligência e à vontade; uma busca que tem por objetivo o aprimoramento afetivo, intelectual e espiritual.
Onde está a virtude essencial? Qual é a maior riqueza que cada um de nós deve resguardar, no seu templo interior, dos perigos do mundo profano? Tentamos definir a virtude na sua relação com o sentimento, com a inteligência e com a vontade.
Vemos seguidamente a virtude numa boa disposição afetiva. A linguagem corrente chama precisamente de "humanidade" a esta qualidade do homem que o faz amar os seus semelhantes. E duas filosofias tão opostas, como o são a filosofia cristã e a positivista, localizam a virtude essencial do homem.
"Ama e faz o que deseja" dizia Santo Agostinho. "O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim", diz a máxima de Auguste Comte.
Mas é evidente que os bons sentimentos não são suficientes, e que a inteligência deve esclarecer o coração: o mundo teria sido salvo mais de uma vez, observa Léon Brunschvig, se a qualidade dos sentimentos pudesse dispensar uma vespa com a ajuda de uma pedra.
Logo, os intelectualistas buscam a virtude essencial do lado da inteligência. "A virtude é ciência", dizia Sócrates; "Ninguém pode fazer o mal se conhecer o verdadeiro bem", o que se traduz por: ninguém é mau por sua própria vontade.
Da mesma forma, Sócrates dizia: "Basta bem julgar para bem fazer"; e Pascal concluía: "Esforcemo-nos então para pensar bem; esse é o princípio da moral".
É certo que a lucidez é uma grande virtude e se diz do homem a quem falta inteligência que ele é "besta", o que significa que ele não realiza o ideal humano. Mas não basta a lucidez, pois é preciso fazer o bem e não apenas conhecê-lo, sobretudo porque a própria lucidez, com Descartes a concebia com toda a razão, é o fruto da verdade; não existe inteligência sem coragem. É sempre por um esforço de vontade, de fato, que o homem se afirma homem; segundo Hegel: "Um homem pode permanecer em pé enquanto ele quiser".
Nossos afetos tornar-se-ão espontaneamente paixões cegas, se a vontade não interferir para transformá-los em sentimentos controláveis. Nossas opiniões naturais são de origem imaginária, e é necessária a ajuda da vontade para passar da imaginação à compreensão. O que caracteriza o verdadeiro homem é que ele se conduz ao invés de se deixar levar, isto é, que ele ama em vez de desejar, que ele julga em vez de sonhar e isto exige coragem. A virtude essencial seria então a coragem, ou melhor, o que Descartes chama de generosidade, ou segundo a fórmula de Alain: "O firme propósito de nunca faltar o livre arbítrio", no sentido cartesioano do termo e não no sentido corrente.
Tudo isso me leva a afirmar que não há virtude sem liberdade, que não existe a Maçonaria sem liberdade, e que não existe nenhum Templo interior sem liberdade, e que essa palavra é a chamada que abre a porta da Arte Real.
Mas qual é o caminho para liberdade?
Este caminho tem, como ponto de partida, o abandono da determinação do ego, tornando-se o prazer e o capricho por princípios; a seguir, vem a liberdade de ser indiferente e a conseqüente indiferença; ambas conduzem à disponibilidade. Depois, o itinerário continua pelo livre arbítrio cartesiano que se abre à liberdade de escolha, a uma recriação de valores e, finalmente, à promoção desses valores.
Analisemos rapidamente todos esses pontos.
Podemos considerar, inicialmente, a liberdade como prazer e capricho. É o ego que goza da ausência de qualquer impedimento exterior e que, inebriado pelo instinto, satisfaz todas as suas pulsões, confundindo vontade e desejo. Expansão de liberdade, já que nenhuma limitação é reconhecida, ilusão da liberdade, já que a ação é inteiramente determinada em nível psicológico. O ego se compara consigo mesmo. A consciência do eu leva ao narcisismo e ao egocentrismo. Pertencem a essa categoria as concepções neoepicuristas do "Carpe Diem".
"Apanha o dia que passa" (Horácio) ou o "Eu me degusto" (Montaigne) e as de alguns personagens de André Gide, que pela recusa de sacrificar algo de si mesmo, se aceitam totalmente com complacência.
Num grau superior encontra-se a liberdade de ser indiferente que é o mais bonito grau de liberdade segundo Descartes (na 4ª meditação metafísica). Ela consiste no poder de recusar, ela consiste no poder da "volonté", como se diz em francês: quer dizer, na possibilidade de recusando solicitações do ego no instante que se apresentam, de pôr entre parêntesis os impulsos da mesma forma que os preconceitos ou a precipitação. Em resumo, trata-se do aprendizado do domínio de si mesmo.
Isto leva ao estado de indiferença que foi considerado por alguns filósofos modernos, por exemplo, Camus no "Mito de Sísifo", como o ser livre por excelência. Esta atitude não tem nada a ver com a indiferença involuntária e patológica que é de natureza esquizofrênica; na indiferença voluntária os valores ainda não são visíveis no horizonte; mesmo que eles fossem visíveis, a liberdade estando toda em função de satisfação do seu exercício puro, os recusaria da mesma forma.
Mas vem disponibilidade: é a indiferença sem a recusa sistemática da crença e do julgamento; o ser livre está aberto a tudo que é possível, ele descobre que os valores são infinitos e que as solicitações do ego são múltiplos. Ele experimenta a ação sem aceitação de princípios. É o ato gratuito, por exemplo, em "Os subterrâneos do Vaticano" (título francês: "Les caves du Vatican") de André Gide, ou o "eu sou graças à liberdade-para-nada" como ilustra "As Moscas" de Sartre. Isto nos conduz à terceira faceta do ponto culminante do itinerário: o livre arbítrio. Aqui a possibilidade de escolha se apresenta e os valores solicitam o "eu". O ser livre sente sua potência de escolher, busca no conhecimento a luz que o guiará. O itinerário prossegue atingindo a liberdade como escolha. Parando nesse estágio, a liberdade se mostra potencial de criação de valores, que dizer que ela define, por sua própria conta, o Belo, o Bom, o Verdadeiro, valendo a pena, na sua opinião, que a isto se dedique e que o proclame. O indivíduo vive seu potencial criativo mas se revolta contra os valores universais; é o "isolado", segundo Polin, é também o nível da criação estática.
Chegamos então ao último estágio, como a recriação de valores e a promoção desses valores, pois o ser livre se engaja completamente, descobrindo pessoalmente os ideais universais. Uma fé anima sua ação cotidiana. Ele consagra sua vida à causa que represente os seus valores. Sua personalidade encontrou uma alma. Aparentemente a liberdade parece ter-se retirado de seu comportamento, pois sua ação é dominada pelos ideais que ele defende e os princípios que ele aceitou, e eles o determinam categoricamente. Entretanto, ele está livre, mesmo nos atos os mais humildes da vida cotidiana.
Não se encontra, então, a liberdade, analisando os atos realizados, pois a liberdade é coisa do espírito. Um mesmo ato pode ser coagido ou livre, segundo o espírito com o qual ele é feito. Se a gente procurar, ao longo do itinerário da liberdade quais são os seus motores, se encontrarão três, que, aliás, foram considerados como contendo o todo da liberdade:
primeiramente, o ato reflexivo ou ato do "eu", quer dizer a consciência da liberdade que cria o discernimento e a responsabilidade;
em segundo lugar, a inteligência à qual os racionalistas submetem o movimento geral da liberação, considerando que os progressos da liberdade são paralelos aos progressos do conhecimento e que teriam o seu ponto crucial no nível do livre arbítrio segundo Descartes;
em terceiro lugar, a vontade que há na unidade da personalidade e aparece mais particularmente no nível da revelação do valor.
Conseqüentemente, vemos que a virtude sem liberdade não pode existir e que a vontade permanece a pedra angular dessas duas noções. Não é por acaso que a palavra latina VIRTUS significa coragem. É a força espiritual que, de fato, permite sozinha, ao homem ser o que ele deve ser e constitui a virtude essencial. É a ferramenta do Maçom.
Trabalhamos desde o início de nosso caminho maçônico para atingir a virtude. Entendemos por virtude aquilo que faz a qualidade moral de um homem, aquilo que é a pedra angular do nosso templo interior. Então em que consiste essa importantíssima palavra de sete letras? Qual é a virtude essencial?
Analisaremos a noção de virtude e tentaremos definir a virtude essencial.
A palavra "Virtude" tem diferentes sentidos. No sentido geral, ela significa potência, poder (físico-moral); propriedade de alguma coisa considerada como sendo a razão dos efeitos que essa coisa produz.
No sentido moral, é possível entender que seja: disposição permanente para querer realizar um tipo determinado de atos morais; então se falará de virtude e se dirá, por exemplo, que a temperança é uma virtude; seja: disposição permanente de querer o bem; hábito de fazê-lo; então se falará da Virtude e se dirá de um homem que ele é virtuoso.
Enfim, às vezes, a palavra virtude designa o conjunto de normas de conduta que se reconhece como válidas sendo vista como sinônimos de moral, de ética (por exemplo, em Kant "Doutrina da Virtude").
Mas vamos ater-nos ao sentido fundamental. É na passagem do sentido moral que se encontra o essencial da noção.
O homem, de fato, se define por um conjunto de virtualidades ou tendências. A virtude moral é que permite ao homem realizar essas virtualidades, ou seja, tender à perfeição.
Na palavra latina "virtus" encontra-se, que significa homem. E o contrário de virtude é vício, isto é, o que desvia o homem de si mesmo. E que no sentido original, segundo a definição de Dermesteter, lingüista francês, seria "um elemento mau que alterna em sua essência".
O vício é a falta de Humanidade; a virtude é o que faz o homem, é o que faz o Maçom.
Mas aqui há um problema, pois procurar qual é a virtude essencial do homem nos obriga a procurar saber em que consiste a perfeição do homem.
No homem há uma pluralidade de tendências que não o conduzem todas no mesmo sentido. Há, por exemplo, as tendências corporais (o homem tem necessidades vitais a satisfazer), que, às vezes, entram em conflito com as tendências espirituais. Mas, é claro que as tendências corporais são propriamente animais e que não é desse lado que devemos buscar a perfeição do homem. Restam, então, as tendências espirituais, que o levam a procurar a Verdade, o Bem, a Beleza, e o que se pode ligar ao sentimento, à inteligência e à vontade; uma busca que tem por objetivo o aprimoramento afetivo, intelectual e espiritual.
Onde está a virtude essencial? Qual é a maior riqueza que cada um de nós deve resguardar, no seu templo interior, dos perigos do mundo profano? Tentamos definir a virtude na sua relação com o sentimento, com a inteligência e com a vontade.
Vemos seguidamente a virtude numa boa disposição afetiva. A linguagem corrente chama precisamente de "humanidade" a esta qualidade do homem que o faz amar os seus semelhantes. E duas filosofias tão opostas, como o são a filosofia cristã e a positivista, localizam a virtude essencial do homem.
"Ama e faz o que deseja" dizia Santo Agostinho. "O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim", diz a máxima de Auguste Comte.
Mas é evidente que os bons sentimentos não são suficientes, e que a inteligência deve esclarecer o coração: o mundo teria sido salvo mais de uma vez, observa Léon Brunschvig, se a qualidade dos sentimentos pudesse dispensar uma vespa com a ajuda de uma pedra.
Logo, os intelectualistas buscam a virtude essencial do lado da inteligência. "A virtude é ciência", dizia Sócrates; "Ninguém pode fazer o mal se conhecer o verdadeiro bem", o que se traduz por: ninguém é mau por sua própria vontade.
Da mesma forma, Sócrates dizia: "Basta bem julgar para bem fazer"; e Pascal concluía: "Esforcemo-nos então para pensar bem; esse é o princípio da moral".
É certo que a lucidez é uma grande virtude e se diz do homem a quem falta inteligência que ele é "besta", o que significa que ele não realiza o ideal humano. Mas não basta a lucidez, pois é preciso fazer o bem e não apenas conhecê-lo, sobretudo porque a própria lucidez, com Descartes a concebia com toda a razão, é o fruto da verdade; não existe inteligência sem coragem. É sempre por um esforço de vontade, de fato, que o homem se afirma homem; segundo Hegel: "Um homem pode permanecer em pé enquanto ele quiser".
Nossos afetos tornar-se-ão espontaneamente paixões cegas, se a vontade não interferir para transformá-los em sentimentos controláveis. Nossas opiniões naturais são de origem imaginária, e é necessária a ajuda da vontade para passar da imaginação à compreensão. O que caracteriza o verdadeiro homem é que ele se conduz ao invés de se deixar levar, isto é, que ele ama em vez de desejar, que ele julga em vez de sonhar e isto exige coragem. A virtude essencial seria então a coragem, ou melhor, o que Descartes chama de generosidade, ou segundo a fórmula de Alain: "O firme propósito de nunca faltar o livre arbítrio", no sentido cartesioano do termo e não no sentido corrente.
Tudo isso me leva a afirmar que não há virtude sem liberdade, que não existe a Maçonaria sem liberdade, e que não existe nenhum Templo interior sem liberdade, e que essa palavra é a chamada que abre a porta da Arte Real.
Mas qual é o caminho para liberdade?
Este caminho tem, como ponto de partida, o abandono da determinação do ego, tornando-se o prazer e o capricho por princípios; a seguir, vem a liberdade de ser indiferente e a conseqüente indiferença; ambas conduzem à disponibilidade. Depois, o itinerário continua pelo livre arbítrio cartesiano que se abre à liberdade de escolha, a uma recriação de valores e, finalmente, à promoção desses valores.
Analisemos rapidamente todos esses pontos.
Podemos considerar, inicialmente, a liberdade como prazer e capricho. É o ego que goza da ausência de qualquer impedimento exterior e que, inebriado pelo instinto, satisfaz todas as suas pulsões, confundindo vontade e desejo. Expansão de liberdade, já que nenhuma limitação é reconhecida, ilusão da liberdade, já que a ação é inteiramente determinada em nível psicológico. O ego se compara consigo mesmo. A consciência do eu leva ao narcisismo e ao egocentrismo. Pertencem a essa categoria as concepções neoepicuristas do "Carpe Diem".
"Apanha o dia que passa" (Horácio) ou o "Eu me degusto" (Montaigne) e as de alguns personagens de André Gide, que pela recusa de sacrificar algo de si mesmo, se aceitam totalmente com complacência.
Num grau superior encontra-se a liberdade de ser indiferente que é o mais bonito grau de liberdade segundo Descartes (na 4ª meditação metafísica). Ela consiste no poder de recusar, ela consiste no poder da "volonté", como se diz em francês: quer dizer, na possibilidade de recusando solicitações do ego no instante que se apresentam, de pôr entre parêntesis os impulsos da mesma forma que os preconceitos ou a precipitação. Em resumo, trata-se do aprendizado do domínio de si mesmo.
Isto leva ao estado de indiferença que foi considerado por alguns filósofos modernos, por exemplo, Camus no "Mito de Sísifo", como o ser livre por excelência. Esta atitude não tem nada a ver com a indiferença involuntária e patológica que é de natureza esquizofrênica; na indiferença voluntária os valores ainda não são visíveis no horizonte; mesmo que eles fossem visíveis, a liberdade estando toda em função de satisfação do seu exercício puro, os recusaria da mesma forma.
Mas vem disponibilidade: é a indiferença sem a recusa sistemática da crença e do julgamento; o ser livre está aberto a tudo que é possível, ele descobre que os valores são infinitos e que as solicitações do ego são múltiplos. Ele experimenta a ação sem aceitação de princípios. É o ato gratuito, por exemplo, em "Os subterrâneos do Vaticano" (título francês: "Les caves du Vatican") de André Gide, ou o "eu sou graças à liberdade-para-nada" como ilustra "As Moscas" de Sartre. Isto nos conduz à terceira faceta do ponto culminante do itinerário: o livre arbítrio. Aqui a possibilidade de escolha se apresenta e os valores solicitam o "eu". O ser livre sente sua potência de escolher, busca no conhecimento a luz que o guiará. O itinerário prossegue atingindo a liberdade como escolha. Parando nesse estágio, a liberdade se mostra potencial de criação de valores, que dizer que ela define, por sua própria conta, o Belo, o Bom, o Verdadeiro, valendo a pena, na sua opinião, que a isto se dedique e que o proclame. O indivíduo vive seu potencial criativo mas se revolta contra os valores universais; é o "isolado", segundo Polin, é também o nível da criação estática.
Chegamos então ao último estágio, como a recriação de valores e a promoção desses valores, pois o ser livre se engaja completamente, descobrindo pessoalmente os ideais universais. Uma fé anima sua ação cotidiana. Ele consagra sua vida à causa que represente os seus valores. Sua personalidade encontrou uma alma. Aparentemente a liberdade parece ter-se retirado de seu comportamento, pois sua ação é dominada pelos ideais que ele defende e os princípios que ele aceitou, e eles o determinam categoricamente. Entretanto, ele está livre, mesmo nos atos os mais humildes da vida cotidiana.
Não se encontra, então, a liberdade, analisando os atos realizados, pois a liberdade é coisa do espírito. Um mesmo ato pode ser coagido ou livre, segundo o espírito com o qual ele é feito. Se a gente procurar, ao longo do itinerário da liberdade quais são os seus motores, se encontrarão três, que, aliás, foram considerados como contendo o todo da liberdade:
primeiramente, o ato reflexivo ou ato do "eu", quer dizer a consciência da liberdade que cria o discernimento e a responsabilidade;
em segundo lugar, a inteligência à qual os racionalistas submetem o movimento geral da liberação, considerando que os progressos da liberdade são paralelos aos progressos do conhecimento e que teriam o seu ponto crucial no nível do livre arbítrio segundo Descartes;
em terceiro lugar, a vontade que há na unidade da personalidade e aparece mais particularmente no nível da revelação do valor.
Conseqüentemente, vemos que a virtude sem liberdade não pode existir e que a vontade permanece a pedra angular dessas duas noções. Não é por acaso que a palavra latina VIRTUS significa coragem. É a força espiritual que, de fato, permite sozinha, ao homem ser o que ele deve ser e constitui a virtude essencial. É a ferramenta do Maçom.
Fonte: Livraria Maçônica
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